De Memphis a Takahashi: séries A, B, C e D do Brasileirão reúnem mais de 200 estrangeiros

Levantamento detalha a presença de mais de 245 jogadores estrangeiros nas quatro divisões nacionais e mostra como o Brasil se tornou um destino futebolístico completamente plural

Às vésperas da Copa do Mundo de Clubes da Fifa, que reunirá 32 equipes de todos os continentes nos Estados Unidos, o futebol internacional se aquece para um espetáculo inédito. Enquanto os olhos do mundo se voltam para potências, como Bayern de Munique, Manchester City, PSG e Real Madrid, o Brasil também chama atenção como palco de diversidade global — não apenas por exportar craques, mas também por importar talentos de fora.

Das arquibancadas lotadas da Série A aos campos menos midiáticos da Série D, jogadores estrangeiros ajudam a compor um mosaico que enriquece o futebol nacional. Atualmente, 250 atletas de fora do Brasil estão registrados entre as quatro divisões do Campeonato Brasileiro, representando países dos cinco continentes. A seguir, traçamos um raio-X completo sobre quem são esses personagens, de 27 nacionalidades diferentes, e como estão distribuídos pelos clubes.

Série A: um caldeirão de talentos sul-americanos

 

A elite do futebol brasileiro concentra 137 jogadores estrangeiros. A Argentina é a principal fornecedora, com 45 atletas. Em seguida vêm Uruguai (27), Colômbia (18) e Paraguai (13). Ao todo, jogadores de 15 nacionalidades diferentes atuam entre os 20 clubes da 1ª divisão do país, sendo o Grêmio o líder nesse quesito, com 11 estrangeiros no elenco do técnico Mano Menezes.

Embora os sul-americanos predominem na Série A do Brasileirão de 2025, há presenças de peso vindas de outros continentes. Casos como o holandês Memphis Depay, no Corinthians; e o angolano Bastos, no Botafogo, ilustram essa variedade internacional.

Série B: pluralidade africana em crescimento

 

Com 60 estrangeiros distribuídos entre os 20 clubes, a Série B chama atenção pela pluralidade. O Amazonas, promovido em 2024, lidera com 13 atletas de fora, compondo um elenco verdadeiramente internacional, com representantes da Dinamarca, França, Guiné Equatorial, Cabo Verde, entre outros. A divisão abriga nomes improváveis, como o dinamarquês Riza Durmisi, ex-Betis e Lazio, hoje na Onça-Pintada, e o ganês Sabit Abdulai, do Botafogo-SP.

O aspecto multicultural da segunda divisão nacional reflete o perfil de clubes que apostam em atletas menos badalados internacionalmente, mas que veem na disputa do futebol brasileiro uma vitrine de projeção dentro das quatro linhas.

Série C: presença tímida, mas com novas conexões

 

Na terceira divisão, os estrangeiros ainda são minoria — são 18 jogadores espalhados entre 14 clubes. A Colômbia lidera com quatro representantes, assim como o Chile, que também tem quatro. Guarani e Maringá apostam no mercado asiático, conectando o futebol brasileiro a destinos menos tradicionais. Ainda que tímido, o intercâmbio com Japão, por exemplo, indica uma abertura de novas rotas, especialmente para atletas em fase de desenvolvimento ou transição.

Série D: o ecletismo chega aos rincões do país

 

Com 64 clubes espalhados por todo o território nacional, a Série D é a maior vitrine da diversidade regional do futebol brasileiro. Aos poucos, porém, também começa a refletir a diversidade internacional. São 33 jogadores estrangeiros em 22 equipes, muitos deles com trajetórias curiosas.

Alguns chegaram por meio de intercâmbios esportivos, outros por vínculos acadêmicos ou redes de empresários locais. O Cianorte, por exemplo, conta com dois africanos (Nigéria, Camarões e Gana). Já o Humaitá chamou atenção ao inscrever um jogador sueco — o único europeu da divisão.

No ano em que a Copa do Mundo de Clubes da Fifa será realizada nos Estados Unidos, o futebol brasileiro já vive seu próprio “mundial” a cada rodada — com sotaques, estilos e histórias de todos os cantos do planeta, reunidos em campo.