Se você é apaixonado por futebol e acompanha grandes torneios como Copa do Mundo, Champions League ou Eurocopa já ouviu falar em zona mista. A área de entrevistas reservadas aos jornalistas, de um lado de uma grade, e jogadores, do outro. Não era assim até a Copa da Itália, em 1990, e nasceu neste formato nos Estados Unidos, em 1994. Acabou!
Por uma sequência de ajustes, a Fifa decidiu que a Copa do Mundo de Clubes não terá mais este tipo de entrevistas, mas jogadores colocados em pequenos palcos, respondendo a perguntas de repórteres que se acotovelam em busca da chance de tirar uma dúvida ou uma explicação sobre o que aconteceu no jogo.
Houve lugares em que o novo formato funcionou melhor, como em Seattle. Após a partida de abertura, Al Ahly 0 x 0 Inter Miami, a cobertura da imprensa foi caótica. Repórteres argentinos, como Martin Arévalo, da rádio La Red, de Buenos Aires, era um dos indignados e persistia mostrando sua insatisfação no sábado, antes da entrevista coletiva do técnico do Boca Juniors, Miguel Ángel Russo.
Por que mudou
A Fifa argumenta que muitos jogadores passavam batido pela zona mista. Para corrigir o problema de atletas demorarem mais de uma hora para atenderem os jornalistas e muitas vezes passarem em frente a eles sem entrevistas, a Fifa agora obriga os clubes a elegerem quatro jogadores para irem aos palcos. A intenção é boa, mas o resultado não tem sido satisfatório. Há demora da mesma maneira, os jornalistas não escolhem os entrevistados, não têm direito a chamar quem querem. Se a questão era melhorar o atendimento, bastava obrigar que quatro atletas de cada clube necessariamente parassem para o atendimento no intervalo máximo de uma hora.
Os jogadores que passavam pela zona mista obrigatoriamente eram informação. Mesmo os que não desejavam falar, podiam oferecer informação. Um atleta substituído mancando em frente aos jornalistas é informação. Se passa caminhando normalmente dá outra noção de seu estado clínico. Na zona mista, tudo pode virar informação. Como está, o trabalho fica ainda mais difícil.
A Copa de Clubes também acabou com o apoio à imprensa. Os Media Centers, centros de imprensa onde os jornalistas se abrigavam, entravam em listas de espera por ingressos não confirmados, tinham aparelhos de TV, restaurantes e guichês que davam desde programação dos times até horário de transportes. Nesta Copa, só o MetLife, palco da final, tem Média Center.
A Fifa promete melhorar para a Copa do Mundo. A Fifa tem se mostrado aberta às criticas e a revisões. Não parece haver caminho para o retorno da zona mista. Mas há a promessa de que todos os estádios terão Centros de Imprensa na Copa do Mundo de seleções, em 2026.