Fair Play Financeiro: entenda a importância e como funciona

Mecanismo criado pela Uefa é responsável pela fiscalização financeira dos clubes

Esta matéria integra uma série especial sobre o Fair Play Financeiro (FPF) , mecanismo criado pela UEFA em 2009 com o objetivo de promover a sustentabilidade financeira no futebol europeu. A iniciativa estabelece limites de gastos com base na arrecadação dos clubes, buscando prevenir crises econômicas, fortalecer o mercado de transferências e preservar a proteção das instituições esportivas. Entre os principais focos do regulamento estão o cumprimento de compromissos financeiros, como obrigações de funcionários, pagamento de impostos e acordos comerciais.

– A principal intenção da instituição era criar barreiras para que os clubes vissem a gastar menos do que arrecadavam. Com isso, eventuais crises financeiras seriam resolvidas e o mercado de transferências ficaria cada vez mais sólido. Isso ajudou a melhorar a capacidade econômica dos clubes e a substituir os clubes, tanto financeira quanto para futuras negociações, garantindo que as obrigações como pagamento de funcionários e demais acordos sejam cumpridos – disse o especialista.

Falha na aplicação pode gerar problemas

Contudo, a FPF também enfrenta desafios na sua aplicação. Um exemplo emblemático é o caso do Manchester City, que aguarda julgamento por supostas expostas ao regulamento, incluindo acusações de desvio de verbos por meio do City Football Group — holding que administra o clube e outras equipes, como o Bahia, no Brasil. Caso as irregularidades sejam confirmadas, o clube inglês poderá sofrer avaliações severas, que vão desde perda de pontos na Premier League até rebaixamento ou cassação de títulos conquistados. Este caso evidencia a importância da FPF como ferramenta regulatória, mas também revela suas limitações, especialmente diante de clubes com grandes receitas e forte poder de influência no mercado, que ainda trazem vantagens competitivas sobre equipes de menor expressão.

O Fair Play Financeiro, portanto, representa um marco na gestão econômica do futebol europeu. No entanto, a sua eficácia depende de uma fiscalização rigorosa, de maior transparência contabilística e de constantes atualizações para acompanhar as transformações do mercado, cada vez mais globalizado e desigual. Embora tenha contribuído para avanços importantes, a FPF ainda precisa evoluir para garantir condições mais justas de competição entre clubes de diferentes portes e realidades financeiras.

Fair Play Financeiro no Brasil – como poderia ser?

Douglas Teixeira também explicou como uma possível implementação do Fair Play Financeiro poderia ser feita no futebol brasileiro, utilizando como inspiração outros modelos já existentes.

– O FPF no Brasil poderia adotar um modelo híbrido, combinando elementos de sistemas já existentes. Por exemplo, inspire-se na La Liga, que impede a inscrição de novos jogadores até que o orçamento salarial esteja equilibrado; na Premier League, que aplica dedução de pontos por infrações financeiras; ou na França, onde o rebaixamento é uma possibilidade. Estabelece limites de gastos com base na arrecadação, aliados a punições claras, incentivando os clubes a manterem a saúde financeira, evitando avaliações e promovendo competições mais equilibradas – explicado.